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5 de out. de 2010
Mas onde encontro meu coração de sábado à noite?
Manuel de Freitas é considerando o grande representante da poesia contemporânea portuguesa. Não dá entrevistas, mas seu nome e seus poemas aparecem em diversos blogs especializados em literatura (lusitana) ou em páginas pessoais de quem gosta do assunto – como esta.
É quase desconhecido por aqui. Até nas terras do além-mar é difícil encontrar um exemplar de qualquer um de seus livros. Aliás, ultrapassa 20 publicados, entre colaborações e antologias, o que é de assustar pois tem menos de 40 anos (nasceu em 1972).
Em 2002, segundo o wikipedia, organizou a antologia Poetas sem Qualidades que deu o que falar.
Uns, detestam-no; outros, idolatram. Pessoalmente, estou em fase de paquera e não sei se vai rolar. No entanto, o primeiro poema (flerte) que li deixou boas impressões:
All Stripped Down
Cavalheiro idoso, calvo e sem jeito
para foder procura quem o ature
e acredite (às vezes) na ressurreição.
Nunca leu livros, cospe grosso
e ronca. Assunto sério: morrer com alguém.
É do “O Coração de Sábado à Noite” (título genial), de 2004. Livro magrinho, 32 páginas. E esgotado.
O experimentalismo, sarcasmo, certa crueldade e uma, até agora, desculpável autocomiseração são sua marca registrada.
Tom Waits da poesia, às vezes produz coisas sublimes, outras vezes, desastrosas - “Errata” é um bom exemplo disso – mas sempre algo inusitado, cheio de vida, inquieto.
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